Implementando Políticas de Acesso Mínimo no Azure com RBAC (Role-Based Access Control)

Implementando Políticas de Acesso Mínimo no Azure com RBAC (Role-Based Access Control)

08/10/2024

Este artigo técnico e educativo tem como objetivo guiar analistas de segurança, administradores de TI e engenheiros de sistemas na implementação e gerenciamento de políticas de acesso mínimo no Azure, utilizando o Role-Based Access Control (RBAC). O RBAC do Azure é um sistema de autorização que permite gerenciar quem tem acesso aos recursos do Azure, o que eles podem fazer com esses recursos e a quais áreas eles têm acesso. A aplicação do princípio do privilégio mínimo é fundamental para reduzir a superfície de ataque e mitigar riscos de segurança em qualquer ambiente de nuvem [1].

Introdução

Em um ambiente de nuvem dinâmico como o Azure, onde recursos são criados, modificados e excluídos constantemente, garantir que os usuários e serviços tenham apenas as permissões necessárias para realizar suas tarefas é um desafio contínuo. O Azure RBAC é a ferramenta nativa do Azure para implementar o princípio do privilégio mínimo, permitindo que as organizações definam permissões granulares e controlem o acesso de forma eficaz [2].

Este guia prático abordará os conceitos fundamentais do Azure RBAC, incluindo funções, escopos e atribuições de função, com instruções passo a passo para criar e atribuir funções, gerenciar atribuições e validar permissões.

Por que o Azure RBAC e o Princípio do Privilégio Mínimo são cruciais?

  • Redução da Superfície de Ataque: Limita o potencial impacto de uma conta comprometida.
  • Conformidade Regulatória: Ajuda a atender a requisitos de auditoria e conformidade (LGPD, GDPR, HIPAA).
  • Governança Aprimorada: Fornece um modelo claro para gerenciar e auditar permissões.
  • Prevenção de Erros Acidentais: Reduz a chance de danos acidentais a recursos críticos.

Pré-requisitos

  1. Assinatura Azure Ativa.
  2. Acesso Administrativo: Conta com a função de Proprietário ou Administrador de Acesso do Usuário no escopo desejado [3].

Passo a Passo: Implementando o Azure RBAC

1. Compreendendo os Componentes do Azure RBAC

  • Entidade de Segurança: Quem recebe o acesso (usuário, grupo, etc.).
  • Definição de Função: O que pode ser feito (coleção de permissões). Ex: Leitor, Colaborador.
  • Escopo: Onde o acesso se aplica (assinatura, grupo de recursos, etc.).

Uma Atribuição de Função é a combinação desses três elementos.

2. Atribuindo Funções Internas

  1. No portal do Azure, navegue até o recurso ou escopo desejado (ex: um Grupo de Recursos).
  2. Selecione Controle de acesso (IAM).
  3. Clique em + Adicionar > Adicionar atribuição de função.
  4. Na guia Função, selecione a função desejada (ex: Leitor).
  5. Na guia Membros, selecione o usuário, grupo ou entidade de serviço.
  6. Clique em Revisar + atribuir para finalizar.

3. Criando Funções Personalizadas

Quando as funções internas não são suficientes, crie uma função personalizada.

  1. No Controle de acesso (IAM) de uma assinatura, clique em + Adicionar > Adicionar função personalizada.
  2. Dê um nome à função (ex: Operador de VM Restrito).
  3. Em Permissões, adicione as ações específicas necessárias. Exemplo para um operador de VM:
    • Microsoft.Compute/virtualMachines/start/action
    • Microsoft.Compute/virtualMachines/restart/action
    • Microsoft.Compute/virtualMachines/read
  4. Defina os Escopos atribuíveis (onde a função pode ser usada).
  5. Clique em Revisar + criar e depois em Criar.

Após a criação, atribua essa função personalizada da mesma forma que uma função interna.

4. Gerenciando e Auditando Atribuições

  • Na tela de Controle de acesso (IAM), a guia Atribuições de função lista todas as permissões para aquele escopo.
  • Revise essa lista regularmente. Use o botão Remover para revogar acessos que não são mais necessários.

Melhores Práticas

  • Use Grupos do Azure AD: Atribua funções a grupos, não a usuários individuais. Gerenciar a associação a um grupo é mais simples do que gerenciar dezenas de atribuições RBAC.
  • Menor Escopo Possível: Se um usuário precisa de acesso a apenas um recurso, atribua a função no escopo desse recurso, não no grupo de recursos ou na assinatura.
  • Use o Azure AD Privileged Identity Management (PIM): Para funções altamente privilegiadas (Proprietário, Administrador Global), use o PIM para habilitar o acesso just-in-time (JIT), que concede permissões temporárias e exige uma justificativa.

Troubleshooting Comum

  • Usuário não consegue acessar um recurso: Verifique as atribuições de função em todos os níveis (recurso, grupo de recursos, assinatura). As permissões são herdadas. Verifique também se existe uma Atribuição de Negação (Deny Assignment) bloqueando o acesso.
  • Conflitos de permissão: O Azure RBAC segue um modelo aditivo. Se um usuário tem a função Leitor no grupo de recursos e Colaborador em uma VM dentro dele, as permissões são somadas. No entanto, as Atribuições de Negação sempre têm precedência. Se uma atribuição de negação bloquear uma ação, o acesso será negado, mesmo que uma atribuição de função o permita [4].
  • Acesso recém-concedido não funciona: Pode haver um atraso de alguns minutos para que as permissões se propaguem. Peça ao usuário para sair e entrar novamente no portal.

Conclusão

A implementação disciplinada do princípio do privilégio mínimo através do Azure RBAC é uma das práticas de segurança mais eficazes na nuvem. Ao utilizar funções internas, criar funções personalizadas granulares quando necessário e auditar o acesso regularmente, as organizações podem reduzir drasticamente sua superfície de ataque, limitar o impacto de uma possível violação e garantir a conformidade com os padrões regulatórios. Ferramentas como o Azure AD PIM complementam o RBAC, adicionando camadas de controle e auditoria para os acessos mais críticos.

Referências

[1] Microsoft. (2023). O que é o controle de acesso baseado em função do Azure (Azure RBAC)? [2] Microsoft. (2023). Práticas recomendadas para o RBAC do Azure. [3] Microsoft. (2023). Funções internas do Azure. [4] Microsoft. (2023). Compreender as atribuições de negação do Azure.